
Sim, não tenho medo de ser, muito menos de sentir. Se estou mal, sofro sim, não minto, não para mim. Ando chorando todos os dias antes de dormir, basta olhar pra o travesseiro, penso em tudo que você foi, o que fomos, o que me fez fazer, e em como tudo se transformou tão rápido, em nada. E choro, choro mesmo e não nego, e parece que com isso, a cada dia que passa é como se fosse arrancado um grão de sofrimento de dentro de mim. Ando tendo uma dor minha, só minha, tão minha, silenciada, mal procurada, mas minha. Ando me encontrando todos os dias, dias que durmo chorando, acordo bem e anestesiada, até chegar à noite e lá estou eu chorando novamente, mas isso está fazendo eu me encontrar de uma forma tão sofrida, tão doída, mas merecida sabe? Vai chegar o dia em que meu travesseiro não vai mais precisar ser molhado antes de eu colocar a cabeça para eu conseguir dormir, não vai precisar ouvir meus sussurros, meus gritos para fora e para dentro de mim, de tanta dor, ele não precisará mais ouvir nem sentir nada meu, pois estarei completamente em mim, e estarei liberta de vez de toda essa merda. Uma merda que fez eu me conhecer tanto e me entregar tanto. Entregar-me completamente, a mim. Somente a mim.